União Européia e América Latina

Subtitle
Associação Estratégica Ou Oposição Hierárquica?
Book Title
União Européia e América Latina: Associação Estratégica Ou Oposição Hierárquica? - Uma Análise do Discurso
Volume, number, page
349 p.
Year of Publication
2015
Author(s)
CAVALCANTI GUERRA Flavia
Organization Name
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
Acronym
FAPERJ
Publisher
FAPERJ
City
Rio de Janeiro
Country of Publication
Brasil
Full Date
2015
ISBN or ISSN
9788577401819
Category
Books
Theme
BILATERAL RELATIONS UE - LAC
Subregion - European Union
Country - European Union
BIREGIONAL RELATIONS UE - LAC
Agreements
Summits
Association Agreeements
Strategic Partnerships
Government
Parliaments
Keyword(s)
Biregional strategic association
Association Agreement
European Union
Latin America
Economic integration policy
Integration
Biregional relationship
Interregional Relations
Biregional Co-operation
Economic Agreements
Summit Conferences
Economic Association Agreement
International economic cooperation agreements
Foreign relations
Abstract
Desde 1999, Europa e América Latina/Caribe vêm tentando pôr em prática uma associação estratégica. O que essa associação signifi ca para as duas regiões? Ela difere de outras organizações estratégicas existentes hoje no mundo? Haveria nela algo de especial? Para responder a essas perguntas, que declinam o tema central deste livro, a autora se propõe a analisar o discurso das reuniões de cúpula realizadas entre a União Europeia e a América Latina/Caribe, à luz de uma perspectiva pós-estruturalista e pós-colonialista, de acordo com a qual mostra que as duas regiões, em vez de formas absolutas do ser, são um “efeito de diferenças”, ou seja, sempre se constituíram e ainda se constituem de forma recíproca. A desconstrução realizada permite, além disso, mostrar como o discurso da associação estratégica acaba por negar os pressupostos que o sustentam. A crença de que a semelhança de valores entre as duas regiões criaria uma ordem internacional diferente daquela proposta pelos Estados Unidos se dilui quando se revelam discursos que continuam a representar o latino-americano como um “Outro” bárbaro da Europa, ainda que nem sempre se apresente com a mesma linguagem. Do século XVI ao XIX, o latino-americano foi representado como o canibal, o antropófago ou o selvagem. Hoje, ressurge na figura do migrante, principalmente daquele considerado ilegal. O migrante latino-americano ilegal carrega, assim, a marca e a dimensão contestadora do bárbaro ou do não civilizado, mas sem corresponder a uma intencionalidade de contestação própria a um sujeito autônomo e centrado. Em vez disso, é a sua simples presença que interroga e critica as políticas migratórias restritivas atualmente em vigor na União Europeia. Não por acaso, portanto, é na questão migratória que a cisão que insiste em se manifestar na associação estratégica entre União Europeia e América Latina/Caribe se torna mais evidente. A pretensão de que haveria história e valores comuns entre essas duas regiões, formando um espaço birregional, não se justifica a cada vez que a “Fortaleza Europa anti-imigrantes” não apenas trata o migrante latinoamericano como um “Outro” bárbaro, mas também reproduz o discurso colonialista de épocas supostamente ultrapassadas.